segunda-feira, 12 de março de 2012

ENTRE BARCOS E MARCOS. UMA HISTÓRIA QUE SE ESCREVE...

O “B” e o “M” de dois personagens distintos. Marcos e Barcos não chegaram sequer a treinar juntos. Mas têm uma história com paralelos que talvez nunca se encontrem, ainda assim vale o registro. Lá se foi o ídolo Marcos e ao aposentar as luvas deixou órfã de ídolo uma nação carente de grandes títulos nos últimos anos. O outro chegou e na contramão da lógica, prometendo uma marca considerável de 27 gols na temporada. Para  piorar, é argentino o que sempre aguça a já estratosférica rivalidade entre as duas nações. Pois o tempo de um passou e o do outro está apenas se iniciando, mas os paralelos se traçam.

Ainda é cedo para dizer que Barcos vai ser um novo ídolo dessa legião de apaixonados. Mas o que se vêm em relação ao argentino Barcos é de impressionar. Ele não chegou a uma dezena de jogos com a camisa alviverde, mesmo assim é reverenciado de pé pelos torcedores.  Muito pelos seus gols, é verdade. Mas que seja pelos gols, importante é ter uma referência e, se nada der errado, ele segue em passos largos para ser o que está parecendo: caminha para marcar época na equipe do Palmeiras.

Prometeu os 27 gols, faltam “apenas”20. Se imaginar que a Copa do Brasil inteira, as fases agudas do Paulistão e as 38 rodadas do Brasileirão ainda estão por chegar, ele deve atingir essa marca sem grandes problemas. E agora, ainda ganha outro ingrediente. Ele parece ser um cara carismático. Lançou na Band, no Programa Jogo Aberto, o desafio de imitar um pirata ao marcar um gol na partida seguinte que teria pela frente. Não marcou um, marcou dois. Não imitou Pirata uma vez, imitou duas vezes. E me confidenciou que vai adotar a marca para comemorar seus feitos daqui em diante. Não vai demorar e máscaras com esse tipo de comemoração vão pipocar pelos jogos do Palmeiras. Não sei se a diretoria estava pensando assim quando trouxe o argentino. Certo é que atirou num alvo e acertou outro bem maior. Basta, agora, trabalhar corretamente. Há um diamante nas mãos verdes. Tomem conta do pirata porque ele pode escrever uma história parecida com aquela que o maior ídolo escreveu.  Entre Barcos e Marcos se reescreve uma história.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Para vítimas da Cracolândia e para o Imperador.

Reservadas as proporções, estamos diante do mesmo drama. Pessoas que encontram nas ruas e nas drogas uma alternativa para a “sobrevivência” precisam de ajuda, é claro isso. Ninguém está ali mutilando sua própria existência sem que haja uma doença, um trauma, uma desconexão entre o lógico e o irreal. As mãos fortes da repressão precisam dar espaço às mãos afáveis do questionamento: como evitar que esse ciclo continue? E não basta perguntar, é preciso fazer. Traço, aqui, um paralelo com o Imperador, Adriano.
Alguém, em sã consciência, abandonaria a vida em Roma para trajar-se como um “Rambo rebelde” nos morros da Vila Cruzeiro no Rio de Janeiro? Quem de nós trocaria a certeza de bons contratos – que ele merece pelo futebol que já mostrou que tem – por um contrato de risco no Brasil, sem a certeza de que pode sozinho, manter-se de pé?
“Eu sou forte e vou dar a volta por cima” foi trecho da declaração de Adriano momentos depois de fazer o seu gol na reta decisiva do Brasileirão do ano passado. Gol único, única certeza: ele é realmente forte. Talvez, o atacante com mais chance de vencer um “jogo de corpo” com a zaga adversária, em todo o país. Mas a força física não é a força de que Adriano mais precisa agora. Ele precisa, na verdade, que lhe estendam a mão.
Agressão à namorada, o tiro dentro do carro dele, o fato de dirigir embriagado, a dificuldade para perder peso, a briga para manter-se longe das páginas policiais. Basta um mínimo de sensibilidade para perceber que o império está ruindo. Adriano, sozinho, vai perder essa batalha.  Não devemos virar as costas para as vítimas da Cracolândia. Elas vão arrumar outro esconderijo para a alto-mutilação. Se virarmos as costas ao Imperador, a Vila Cruzeiro o aguardará de braços abertos. E lá, o futuro incerto se transformará rapidamente num futuro inexistente.