

O trabalho do jornalista esportivo vai muito além dos 90 minutos de um jogo de futebol. Envolve toda a preparação para o trabalho. É preciso conhecer as histórias das equipes que se enfrentam, é preciso estudar os jogadores, as particularidades, as estatísticas. Enfim.
Agora, tem uma outra questão que é a logística, sobretudo quando vamos realizar uma tarefa de longa duração e fora do país de origem. Então, aqui, segue um pedacinho de uma aventura que enfrentamos em Rustemberg, ou nas rendondezas, para uma cobertura jornalística. É raro, mas acontece e é preciso saber "enfrentar" esses percalços. Com naturalidade e alegria. Sugiro que assista pela ordem. Essa é a terceira das três partes. E sejamos felizes.
Então, para complementar a matéria, visitei um bairro da perifeira de Bloemfontein para ter a visão clara da paixão da camada mais pobre do país pelo esporte que também é o principal na vida dos brasileiros.
Aqui, não foi difícil perceber que os negros - quase 80% da população, são mesmo apaixonados por futebol. Os brancos preferem o criquete e, principalmente o rugby. As diferenças, raciais e econômicas são claras. Os melhores estádios são para o rugby. O ingresso para uma partida do campeonato local, de rugby, custa 5 vezes mais caros que um ingresso para uma partida do campeonato sulafricano de futebol. E por aí vai. Mas eu gostaria de destacar uma outra questão que chamou minha atenção.
Os sulafricanos da periferia são extremamente educados e mais, têm um senso de patriotismo fora do comum. Repare nos detalhes enquanto as crianças cantavam o hino nacional do país. Serve como lição para gente.
O combate ao tráfico de drogas é algo que chama a atenção na África do Sul. Quando cheguei ao país fui um dos "sorteados" no aeroporto Tambo, em Joanesburgo, para ter a mala completamente revirada por policias que trabalham ali. Eles olham para você e se quiserem, pegam o teu passaporte e tem encaminham para uma grande sala onde tudo é vasculhado. Pois bem, isso eu vivi.
Nesse domingo, para ter acesso ao estádio Ellis Park - cerimônia de abertura da Copa das Confederações e primeiro jogo da competição - reparei em uma dezena de bolsas espalhadas pelo chão. Um cão cheirava, uma por uma e, em seguida, elas eram liberadas. Se foram as pessoas e as malas e eu cheguei. A situação se repetiu.
Lá voi o cachorrinho meter no fucinho onde foi chamado. Lá dentro, balas, bolachas, papéis e nada que pudesse agradar ao "simpático". Assim, pude seguir tranquilamente. Agora, vou confessar, dos jeito que as coisas andam, dá medo ter uma mochila ou mala sob suspeita. Sempre há a sensação de que alguém, aproveitando-se de um descuido, "guardou" alguma coisa ali.
Quando o cãozinho deu as costas, feliz, quase lati de tanto alívio. E vamos em frente.
A bola vai rolar em instantes. Com a história do fuso horário e tudo mais, além da expectativa da estréia, vamos vivenciando a ansiedade das pessoas, o "clima" que vai tomando conta da África do Sul. Cerca de 640 mil ingressos foram colocados à venda para toda a competição.
Ontem o presidente do país acompanhou o treino da equipe. Mandou mensagem do maior herói nacional, hoje com 94 anos, Nelson Mandela. O prêmio Nobel da Paz disse que fará força para comparecer ao estádio, mas se não for possível - por causa da idade - estará torcendo para seus compatriotas.
Todos sabemos que a África do Sul não é uma das favoritas ao título da Copa das Confederações, mesmo jogando em casa. Mas a torcida para que eles consigam fazer um bom papel, transcende essa história de favoritismo. Tem mais a ver com a história desse povo.
É esperar porque a bola vai rolar.
Confesso, sem medo, o enorme temor que tenho de viajar de avião. Certas vezes caminho tranquilo até a chegada saugão-aeronave, outras nem tanto. No vídeo acima (vc mesmo pode tirar suas conclusões) estava saindo de Bloemfontein a caminho de Joanesburgo, na última noite.
Chuva, frio, distância de 400 quilômetros - cerca de 4 horas - de estrada ou uma hora dentro do avião ? Bem, não tive muita escolha - você verá nas imagens - e segui para dentro de um avião com capacidade para cerca de 30 passageiros.
Lá dentro, não é autorizada a gravação de imagens, mas acho que o meu depoimento pode ajudar a entender o drama enfrentado nos 60 minutos adiante. Na decolagem, barulho terrível vindo do bagageiro, parecia desmontar tudo. O fone, usado normalmente pelos comissários para as tais instruções que ninguém ouve, estatelou no chão. E o vento forte, com a chuva que caia, encarregou-se do restante. Mas chegamos, e é isso o que realmente importa. O resto é história para contar. E sejamos felizes. E seguimos por aqui.
Neste sábado, 4 da tarde, horário local, a África do Sul enfrentou a Polônia, em jogo amistoso preparativo para a Copa das Confederações, que começa em pouco mais de uma semana. O jogo foi em Soweto, um bairro histórico de Joanesburgo e terminou com vitória do time dirigido por Joel Santana. O gol foi no começo do jogo. Você confere no vídeo que postamos para você.
Tivemos a oportunidade de acompanhar trecho de uma entrevista do técnico Joel Santana para o canal SACB Sports, da África do Sul. Em inglês, ele fala sobre o jogo amistoso contra a Polônia, fala das críticas que vem recebendo e que desaparecem após uma vitória. Na sequência desse sábado, a seleção dirigida pelo brasileiro venceu por um a zero. Na sequência, mostrarei o gol marcado aos 6 minutos do primeiro tempo.
Estivemos bem próximos da seleção verde e amarela no momento em que os jogadores e o treinador brasileiro se preparavam para partir atrás de mais um desafio. A idéia era entrevistar os personagens sobre a expectativa para a Copa das Confederações e para a Copa do Mundo do ano que vem. No final do vídeo você vai perceber um certo "mal estar" pelo volume alto da voz de alguém da comissão técnica. Falava num dialeto africano. Isso possibilitou a compreensão. Mas como, para um bom entendor, um pingo é letra, a gente saiu de perto.
Estamos falando da seleção da África do Sul, comandada pelo brasileiro Joel Santana. Ele mesmo admitiu que gostaria de ceder entrevistas ao vivo para a TV Bandeirantes, veículo que represento no continente por esses dias. Mas disse Joel que "forças maiores" impedem isso.
De qualquer forma, estamos por aqui e você, claro, vai tendo todos os detalhes do nosso trabalho. Grande abraço e até mais. Fiquemos com Deus.